domingo, 24 de abril de 2011

Saiba mais sobre os fotógrafos Tim Hetherington e Chris Hondros, mortos por morteiros na Líbia

Materia do Globo Rio em 20/04/2011

O fotojornalista e cineasta Tim Hetherington e o fotógrafo de guerra Chris Hondros, já indicado ao Prêmio Pulitzer, morreram nesta quarta-feira ao serem atingidos durante confrontos em Misurata, na Líbia. Saiba mais a seguir sobre a biografia deles.
Nascido em Liverpool, no Reino Unido e vivendo no Brooklyn, em Nova York, Hetherington recebeu quatro prêmios World Press Photo of the Year, o último em 2007 com uma foto tirada no Afeganistão, e fez trabalhos para a “Vanity Fair”, ABC News e CNN, pela qual cobriu a guerra no Afeganistão. Passou ainda oito anos na África Ocidental, registrando confrontos como o da Libéria. Mas a fama fora do fotojornalismo veio com a indicação ao Oscar deste ano por “Restrepo”. O filme é uma crônica sobre o deslocamento de um batalhão de soldados americanos no Vale de Korengal, no Afeganistão, em 2007 e 2008. O nome vem do soldado Juan Restrepo, morto em combate. O documentário foi premiado no festival de Sundance, no ano passado.
“Tim estava na Líbia para continuar seu projeto multimídia de mostrar questões humanitárias durante tempos de guerra”, disse a família de Hetherington num comunicado. “Vamos sentir sua perda para sempre.”
Amigos e publicações, como a “Vanity Fair”, descreveram como Hetherington era “respeitado pela coragem e camaradagem”. Quando fazia “Nightline” para a ABC News, Hetherington se machucou, lembra James Goldston, que produziu a reportagem para TV. “Ele quebrou a perna numa marcha noturna num local isolado. Teve forças para caminhar por quatro horas com o tornozelo quebrado sem reclamar e sob fogo”, escreveu Goldston, ontem.
Hondros, que trabalhava para a Getty Images, também cobriu grandes conflitos, como Kosovo, Angola, Serra Leoa, Iraque e Libéria. O americano ganhou prêmios como a medalha de ouro Robert Capa, em 2005, sobre coberturas de guerras, o World Press Photo e uma indicação ao Pulitzer.
— Algumas pessoas usam lentes de longo alcance para não terem de chegar perto. Mas Chris conseguia closes. Ele não tinha medo de estar com qualquer coisa que fotografasse — contou Swayne Hall, amigo e editor de fotografia da Associated Press.
O depoimento de Hall podia ser facilmente constatado nas fotos que ainda ontem Hondros enviou, em que rebeldes combatiam soldados de Kadafi dentro de um prédio, a poucos metros do fotógrafo.
— Isso já não é mais o regime de Kadafi se impondo sobre o povo líbio. É Kadafi se impondo ao mundo. Ele não poupa ninguém, nem mulheres, nem crianças, nem jornalistas. Agora é uma guerra de todos — disse Jalal al Gallal, porta-voz dos rebeldes.
Para a Human Rights Watch, a morte de Hetherington “é uma perda devastadora” pois “seu trabalho deu visibilidade a conflitos esquecidos”.
O nível de destruição em Misurata está muito acima do ocorrido em outras cidades líbias. Muitos observadores temem que ela esteja se tornando uma nova Sarajevo, a cidade bósnia atacada por sérvios na Guerra dos Balcãs, nos anos 90. Para o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, alguns dos ataques líbios já são crimes internacionais.

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