A
Sedução de Marilyn Monroe
O Museu é
um espaço de reflexão cultural, ele também exemplifica o modus operandi de uma
sociedade, o significado social de um povo e sua visão estética. Esses são
fatores pelo quais um povo sedimenta seus princípios civilizatórios.A definição
tipológica de um museu não o impossibilita nem pode ser entrave para as
diversas discussões que essa própria sociedade representa e apresenta.
Os museus,
portanto, são espaços abertos como palco onde a cultura material e imaterial de
um povo possa estar viva e latente, revivendo fatos e acontecimentos recentes
ou passados da nossa memória e da nossa história.
A
globalização nos absolveu do complexo de culpa, de poder olhar o mundo como
coisa nossa, sendo assim a exposição sobre os cinquenta anos da morte da atriz
norte-americana Marilyn Monroe e o drama de sua vida pertencem a todos como
grande fenômeno pop do inconsciente coletivo nos quatro cantos do mundo.
Isso
responde a todos aqueles que acham estranho essa exposição do Museu Afro
Brasil.
Não
quero pensar numa ponta de racismo em limitar os conteúdos das exposições aqui
realizadas, elas são elucidativas para enriquecer as expressões de muitos povos
como africanos, europeus, americanos, brasileiros, enfim, interessados na memória,
na vida, na arte, na história em volta de nós.
Poucas,
e muito poucas atrizes de todos os tempos, são lembradas e relembradas a cada
década, como se estivessem vivas e atuando; sua vida e sua história são,
portanto, assuntos para eternizá-las como musas de um tempo da beleza e de suas
sedutoras personalidades.
Mas
como explicar o sucesso através dos tempos dessa grande provocadora, sensual,
linda e deslumbrantemente mulher, na vida e nas telas dos cinemas?
Ela
saiu muito cedo da vida com alta dosagem dos barbitúricos que costumava usar
para dormir com seus pesadelos, seu passado de menina criada à toa, abusada
ainda na infância e na adolescência, tendo que inventar seu espaço no
competitivo mundo das celebridades e dos estúdios na cidade do cinema. Esse
burburinho de brilhos e luzes, refletores do mundo de pura fantasia, lugar
ideal para acalentar todas as angústias do próprio existir como estrela entre
todas de seu tempo. Mas que papeis caberia a um talento atormentado pelas dores
do mundo, beleza sensual transpirando sexo aos olhos desejosos de muitos?
Ela
muitas vezes deixa aparecer uma ponta da menina rebelde, apesar da sua robustez
de mulher, sua sensualidade e suas atitudes desejosas de esquecer o que lhe
parecia um eterno frenesi de corpo e de alma.
Livros,
muitos livros, sérios e outros não tão sérios assim, revistas as mais
prestigiosas do mundo, como Vanity Fair, Vogue, Paris Macht, Life; jornais e
folhetins sérios e outros acostumados a escândalos sobre as estrelas de
Hollywood, assim como jornalistas, escritores, contistas, poetas, romancistas,
que se ocuparam avidamente em escrever, como fez o escritor Norman Mailer numa
das mais famosas biografias da atriz, trataram da sua vida, da sua
personalidade, sobre as suas discutidas interpretações em seus filmes.
Ela
também foi um fenômeno fotográfico, seu belo corpo e a consciência do seu sexy
appeal faziam a cabeça da maioria silenciosa americana.
Sua morte doeu na
consciência da América e de seus perseguidores, diretores e agentes,
implacáveis com suas inconstâncias e atrasos nos sets de filmagens. Por outro
lado, ela tinha suas queixas do baixo salário de seus contratos em relação a
outras atrizes.
Ela
dizia ter medo de interpretar, daí a tentativa de ingressar no Actors Studio em
Nova York, famoso por ter formado importantes atores e atrizes. Contudo,
ninguém foi como ela, como sua beleza e sua exuberância sexual, sua voz
delicada e sua elegância.
E
esse turbilhão de fotografias que inundam as muitas páginas de livros e
revistas de famosos, de desconhecidos fotógrafos, como essas editadas
recentemente no belíssimo livro da editora Taschen sobre o ensaio do fotógrafo
Bert Stern, que a traz em seu esplendor de grande diva.
Mas
não só através de fotógrafos a sua imagem correu o mundo, ela foi a inspiração
para muitos pintores e escultores pelo mundo afora, foi o símbolo pop no
retrato feito pelo pintor Andy Warhol e nesse tributo no Museu Afro Brasil sua
imagem se associa à obra dos muitos artistas brasileiros: A. Silveira, Alex
Hornest, Alex Orsetti, Andy Warhol, Antônio Miranda, Bert Stern, Caíto, Cesare
Pergola, Claudio Tozzi, Dias Sardenberg, Dom Salas, Fernando Ribeiro, Futoshi
Yoshizawa, Glaucia Amaral, Ivald Granato, Leonardo Kossoy, Maurício Nogueira
Lima, Nelson Leirner, Newton Mesquita, Roberto Okinaka, Sandro Petrelli e
Sidney Amaral. E dos artistas internacionais Maribel Domènech (Espanha) e José
de Guimarães (Portugal).
Assim
essa homenagem se realiza da forma mais brasileira e repleta de afetividade!
Emanoel
Araujo
Diretor Curador
onde.: Museu Afro-Brsil
end .: Av Pedro Alvarez Cabral, s/n Parque do Ibirapuera Portal 10
Hor .: de ter a dom das 10 a 17 h
Fonte.: Museu Afro-Brasil - http://www.museuafrobrasil.org.br